domingo, 16 de novembro de 2008

A katharsis em "A metamorfose" de Franz Kafka


INTRODUÇÃO

É, sem dúvida, uma tarefa bastante desafiadora refletir acerca de um fenômeno há tantos séculos conhecido, mas, ao mesmo tempo, tão repleto de nuances e interpretações divergentes quanto a katharsis. Além disso, a responsabilidade torna-se ainda maior quando o objeto de estudo é uma das obras fundamentais de um dos escritores mais importantes do século XX – de acordo com pessoas tão díspares quanto Harold Bloom e Jorge Luís Borges. Trata-se, assim, de analisar a katharsis no livro “A Metamorfose”, de Franz Kafka, escrito no alvorecer da Primeira Guerra Mundial – se é possível falar de um alvorecer tão negro –, época em que o ser humano vivia cercado de incertezas e de forças opressoras. Existiria alguma semelhança com o início do século XXI?


AS VÁRIAS ABORDAGENS DO FENÔMENO KATHARSIS

Na poética de Aristóteles

É recorrente a referência ao famoso capítulo VI da “Poética” de Aristóteles, onde o filósofo grego menciona a catarse provocada no público pela apresentação das tragédias:

É a tragédia a representação de uma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem exornada, cada parte com o seu atavio adequado, com atores agindo, não narrando, a qual, inspirando pena e temor, opera a catarse própria dessas emoções. (Aristóteles, 1997, pg. 24)

Assim, Aristóteles enuncia a clássica definição do modo pelo qual a tragédia opera uma reação catártica em seu público: pela inspiração de pena e temor. O receptor do fenômeno estético se envolveria com a trama e seus eventos, sofrendo alterações – ao final do espetáculo ou da leitura do texto –, em relação ao seu estado inicial. Que mudanças são essas? Quais as conseqüências da exposição do público à tragédia? Que transformações poderiam advir das percepções individuais? São questões ainda abertas e abordadas por diversos teóricos.

Górgias

O sofista siciliano Górgias – século V a.C. – foi uma figura de bastante prestígio na Grécia antiga devido à sua eloqüência, chegando até mesmo a fundar uma escola de sucesso em Atenas. Enquanto Aristóteles refletia acerca da liberação da psique ocorrida no público das tragédias, influenciando no estado de ânimo da platéia, Górgias preocupava-se com a “preparação do ouvinte” de um discurso e com o esforço necessário para o convencimento – já que se tratava de um mestre da retórica –, atingido através do pathos, jogo com as paixões, e do ethos, a credibilidade depositada no orador. Górgias explica que “o prazer estético dos afetos provocados pelo discurso” pode ocasionar, através do fenômeno catártico, mudanças de crença, influência em processos judiciais e alterações na alma.

Jauss

Hans Robert Jauss, teórico alemão da estética da recepção, em seu artigo “O prazer estético e as experiências fundamentais da poiesis, aisthesis e katharsis”, faz um extenso levantamento teórico acerca do prazer estético, coletando impressões e contribuições de diversos estudiosos, indo de Aristóteles e Górgias até Freud, Giesz e Blumenberg, entre outros. Sobre os dois filósofos antigos, houve uma ligeira menção nos tópicos anteriores. Quanto aos mais recentes, existem algumas observações a serem realizadas.

De acordo com o artigo de Nathalia Sá Cavalcante, “Considerações a respeito do ‘prazer estético’ para Hans R. Jauss”, Ludwig Giesz não aceitaria a contemplação distanciada do objeto de prazer, sendo, para ele, o fruidor um co-produtor do referido objeto. Assim, o prazer estético se realizaria na “relação dialética do prazer de si no prazer do outro”, no sentido de participação e apropriação, oscilando o agente receptor entre “uma contemplação desinteressada e uma participação emancipadora”.

Hans Blumenberg trata da existência de prazer estético diante do feio, do terrível, do cruel e do disforme que, em princípio, seriam incapazes de produzir uma relação de prazer. Esse fenômeno ocorre devido ao distanciamento do sujeito, o qual se percebe como não afetado e consegue fruir a emoção trágica sem vivenciá-la pessoalmente, mas através de sua representação artística.

Freud fala da “necessidade antropológica do herói”, onde leitores ou espectadores podem imaginar-se importantes, entregar-se a emoções recalcadas, as quais seriam incapazes de sentir em sua vida cotidiana, sem correr nenhum risco, já que se trata de outro sofrendo. Do mesmo modo, percebem estar participando de um jogo inofensivo à própria segurança. Seria, assim, o prazer estético garantido pelas sensações de alívio e proteção.

A abordagem de Jauss baseia-se na união dos pensamentos de Górgias e Aristóteles, sendo que o prazer provocado pelo discurso ou pela poesia seria capaz de levar o ouvinte e o espectador a transformar suas convicções e liberar sua psique. Tem-se, assim, sua consagrada definição de katharsis:

(...) aquele prazer dos afetos provocados pelo discurso ou pela poesia, capaz de conduzir o ouvinte e o espectador tanto à transformação de suas convicções quanto à liberação de sua psique. Como experiência estética comunicativa básica, a katharsis corresponde tanto à tarefa prática das artes como função social – isto é, servir de mediadora, inauguradora e legitimadora de normas de ação –, quanto à determinação ideal de toda arte autônoma: libertar o espectador dos interesses práticos e das implicações de seu cotidiano, a fim de levá-lo, através do prazer de si no prazer no outro, para a liberdade estética de sua capacidade de julgar.

Jauss manifesta, então, que a função social da experiência estética – ou função comunicativa –, a katharsis, seria um fenômeno intersubjetivo, caracterizado pela “anuência ao juízo exigido pela obra, ou pela identificação com normas de ação predeterminadas e a serem explicitadas”. Percebe-se, também, a presença do pensamento de Giesz na definição elaborada por Jauss, onde é feita referência ao prazer de si no prazer do outro, que conduziria à liberdade estética da capacidade de julgar.

Trabalhos apresentados no Colóquio Internacional Katharsis

Ricardo Corrêa Barbosa, em seu trabalho “Catarse e comunicação: sobre Jauss e Kant”, reitera algumas das acepções exibidas anteriormente, tais como o poder da katharsis para transmitir normas de ação e o potencial emancipador da experiência estética. Segundo ele, a transmissão de normas de ação ocorre através da identificação receptor-herói, sendo criado um espaço de jogo que alivia o sujeito das pressões, ou, como diria Schiller, seria a “liberação das pressões cotidianas proporcionada por um estado lúdico” e, ainda, que “é pela beleza que se vai à liberdade”. A adesão do outro, gerando uma nova norma, seria um fator de socialização.

A mexicana Maria del Carmen Trueba Atienza faz uma crítica da interpretação intelectualista da catarse, cujo principal expoente é Leon Golden. A katharsis seria atingida através de um processo de “clarificação intelectual”, ou seja, simplesmente pelo entendimento racional do processo de imitação. Ao contrário do que prega Golden, Carmen expõe a relevância de outro componente no fenômeno catártico: a apreciação do objeto por si mesmo, pela beleza de sua criação ou execução. Segundo Jonathan Lear, “o prazer da tragédia não é cognitivo, mas mimético”, derivando da identificação ou do reconhecimento do objeto imitado. Se a identificação não for possível, pode-se apreciá-lo como representação, pela maestria com que foi executado e pelo prazer que nos oferece.

Fernando Ruy Puente, em seu ensaio “A katharsis em Platão e Aristóteles”, enumera as diversas interpretações para katharsis, que seriam: a) moralista ou didática, levando ao aperfeiçoamento moral do público através da tragédia; b) amadurecimento emocional e fortalecimento através da tragédia; c) moderação, ou seja, purificação com a busca da mediania; d) purgativa ou patológica (ou abordagem médica) que seria o expurgo das emoções dos espectadores; e) intelectiva, para a qual a tragédia propiciaria uma iluminação intelectual e f) dramática, ou estrutural, onde a purificação ocorre no interior do drama e não no espectador.

Essa última acepção é recorrente nos estudos literários, onde parece sempre existir a possibilidade de uma abordagem estruturalista em que são analisados fenômenos internos à obra. Esse método será um dos utilizados neste trabalho de análise do livro “A Metamorfose”, estando aliado ao estudo da catarse no elemento receptor, o leitor.

Exemplos cotidianos

Tomando como base a abordagem médica, ou purgativa, do fenômeno catártico, é possível observar a ocorrência da katharsis em várias situações cotidianas, tais como eventos esportivos, shows musicais e apresentações cinematográficas. É possível imaginar melhor razão do que a purificação da alma para levar a um jogo de futebol milhares de pessoas? Quando o time vence, é comum mencionar: “saí de alma lavada”. Não se trata, neste caso, de uma criação estética como a tragédia grega, mas é inegável que ocorrem situações inusitadas de competição e emoção numa partida, as quais podem levar a essa “liberação da psique”. Além disso, não é à toa que se tem falado por tanto tempo em “futebol arte” – até mesmo o historiador marxista Eric Hobsbawm chegou a escrever sobre isso no livro “A Era dos Extremos” –, pois é notório que nos grandes espetáculos futebolísticos alguns atletas superdotados parecem atingir dimensões sobre-humanas. Não seria este caso um exemplo claro da necessidade do herói mencionada por Freud?

Não ocorreria esse mesmo fenômeno de liberação e apreciação em grandes shows musicais, como de bandas de rock pesado, onde muitas vezes não se pode falar exatamente de beleza harmônica e sofisticação das letras. O que levaria as pessoas a apreciarem algo aparentemente feio e violento? Da mesma forma existe, a apreciação cinematográfica. Qual de nós nunca aceitou o jogo sugerido por um filme e não embarcou em sua fantasia, solidarizando-se com o protagonista, ou herói, e não saiu com uma tremenda sensação de alívio? Que dizer, então, do prazer existente nos filmes de horror, onde há excessos de sangue, vísceras e fenômenos sobrenaturais? Parece ser a apreciação do feio já mencionada desde a Grécia antiga.

E em Kafka, a katharsis levaria a uma cura médica? O leitor conclui o texto com uma sensação de alma lavada ou sente o peso do sofrimento de Gregor Samsa? Existe um reconhecimento intelectual da realidade que o escritor tcheco que nos mostrar? É possível, ainda que sem compreender os objetivos do autor, apreciar a beleza estética de “A metamorfose”? Vejamos, então.



ANÁLISE ESTRUTURAL DA KATHARSIS NO LIVRO "A METAMORFOSE", DE FRANZ KAFKA

O estudo de um fenômeno como a katharsis dentro da própria obra literária, de sua estrutura interior, é uma das possíveis formas de análise à disposição do teórico. Questões sobre em que momento ocorre a catarse no texto, porque ela acontece e que implicações ela traz às personagens, podem ser respondidas utilizando os recursos dessa abordagem. Pode-se perguntar, ainda, se teria o fenômeno catártico provocado mudanças nas personagens e no ambiente que as cerca. Faremos algumas considerações.

A transformação inicial, inversão do clímax

Imaginando ser possível classificar “A metamorfose” como um conto do gênero fantástico, percebe-se logo uma disparidade entre a história criada por Kafka e o padrão descrito normalmente pela literatura. Enquanto que na maioria dos contos tudo converge para o clímax final, a metamorfose de Gregor Samsa num inseto ocorre no início do texto, de maneira inexplicada. Assim, o leitor já encontra a personagem principal transmutada num bicho, e é a partir daí que o enredo começa a ser construído. A metamorfose de Gregor passa a provocar mudanças nos componentes de sua família. É possível verificar, deste modo, o fenômeno catártico como fonte de mudança, como gerador de uma situação nova. É válido lembrar que, mesmo tendo sofrido com a situação de Gregor, a família mostrou sempre um certo distanciamento e, no final, parece ter ocorrido um efeito purgativo das sensações.

Fontes de opressão sobre Gregor Samsa

Gregor é o protótipo do oprimido. Ele sente a pressão de seu trabalho, com um patrão tirânico cercado por funcionários subservientes, desprovidos de coluna vertebral, como ele mesmo diz. A família também o oprime, pois ele é, em princípio, o único qualificado para trabalhar e proporcionar o sustento de todos. O dever de pagar as dívidas do pai o obriga a permanecer vinculado a uma instituição na qual ele não acredita, representando uma farsa cotidiana, ou seja, seu papel social. O que não dizer, então, da opressão de uma sociedade localizada no centro de um conflito premente? O livro foi escrito em 1912 e o clima belicoso devia permear todo o tecido social. Não seria sua transformação em inseto um exemplo de mutação gerada pelo efeito catártico de liberação da psique perante a opressão de que era vítima? É válido lembrar que a mudança ocorreu após “sonhos intranqüilos”. Não seriam esses sonhos uma tragédia que, através da identificação da personagem com sua própria história, teria ocasionado a mudança?

As alterações ocorridas na família, verdadeira metamorfose

A concepção de katharsis adotada por Jauss relaciona o prazer estético à liberação da psique e à transformação das convicções prévias. Se existe prazer no feio graças à identificação e ao distanciamento, não é possível que a intimidade da família com Gregor e sua aparente frieza perante seu estado sejam sinais das conseqüências provocadas por um efeito catártico? Quando Kafka fala em metamorfose, estaria ele referindo-se à Gregor ou a seus parentes? A desgraça ocorrida com Gregor gerou diversas transformações em seus familiares, tais como o fortalecimento e rejuvenescimento do pai, a disposição da mãe para trabalhar e o amadurecimento da irmã. Eles parecem ter sofrido uma ação transformadora decorrente da mudança de Gregor. Ironicamente, o efeito mais contundente da metamorfose parece ter sido a passagem de figura essencial na casa a um verdadeiro peso morto que, enquanto vivo, atrapalhava o progresso do restante da família. Assistir à queda de Gregor funcionou, deste modo, como um agente de mudanças para seus familiares que, inclusive, mostram-se mais felizes no final do livro do que pareciam estar no início deste.

Seria tudo um sonho?

Numa obra rica, na qual o leitor termina sua angustiante tarefa apenas com indagações, desprovido de respostas, uma questão desponta elevando ainda mais o nível de desconforto e estranheza: seria tudo um sonho de Gregor? Quando Kafka menciona, no primeiro parágrafo do livro, que Gregor despertou de sonhos intranqüilos transformado num inseto, devemos acreditar em suas palavras? Ou talvez devamos duvidar justamente por que ele assim o afirmou? Mesmo a história sendo tão detalhada e indicando a passagem do tempo em meses, não estaria o personagem principal sonhando ter acordado? Essa indagação parece impossível de ser respondida, mas, com certeza, ela traz consigo uma nova possibilidade de interpretação. A vida opressora de Gregor poderia ter gerado nele uma ação transformadora impossível de ser concretizada – diferentemente do caso do operário em construção, de Vinícius de Moraes, capaz de lutar contra o poder estabelecido – no mundo real, já que ele não teria forças e disposição para o combate. Essa ação iria se manifestar, assim, em seu sonho, no qual ocorre a transformação liberadora de si e de sua família, a qual se torna independente dele. Para Gregor, é válido ressaltar, a única liberação possível é a morte. Deste modo, a transformação e a liberação de Gregor vêm da sua consciência de oprimido e se manifestam no único plano possível: o onírico.


O EFEITO CATÁRTICO NO LEITOR

Após esses breves comentários sobre que eventos catárticos – juntamente com suas conseqüências – poderiam ter ocorrido dentro do texto de “A metamorfose”, é necessário verificar o que acontece ao leitor da obra, que tipo de recepção esse conto fantástico vai ter de seu público.

Um convite para jogar

Como todo texto literário em particular, ou criação estética em geral, “A metamorfose” convida o incauto leitor para jogar. Se ele aceitar suas regras, por mais estranhas que estas sejam no universo kafkiano, este poderá participar como ator de uma das mais surpreendentes e ricas criações artísticas do século XX.

Para os formalistas russos do início do século passado, a riqueza de um livro podia ser verificada pela sensação de estranhamento derivada de sua leitura. Se este é um critério universalmente válido ou não, ainda que pareça ser um dos bons, o fato é que, na obra de Kafka, a estranheza parece ser algo recorrente.

O leitor, acostumado com certas práticas utilizadas pelos escritores e consideradas “normais”, ou melhor, comuns, sente um choque ao deparar-se com a total ausência da relação causa/efeito ou com o absurdo presente nas obras de Kafka. Entrar em seu jogo passa a ser, então, um desafio muito maior.

Empatia

Desafio aceito, a identificação com Gregor é inevitável. Ele parece ser a figura oprimida padrão: alma nobre, repleto de amor filial e fraternal, responsável, dedicado e altruísta. Estas são algumas de suas características pessoais facilmente verificáveis pela leitura do texto. Gregor aparece como idealizado justamente para fazer contraposição a uma família voltada para o utilitarismo, para dizer o mínimo, e a um mundo cruel, injusto e perverso. Ele passa a ser a vítima ideal, massacrado, pisado, transformado, por fora, num inseto, mas conservando, por dentro, o que há de melhor no ser humano. Assim é Gregor, escolhido para simbolizar o sofrimento humano nesse mundo de Kafka.

Ação transformadora

Da identificação com o herói, guardando o devido distanciamento, que sentimentos e transformações podem ser gerados num leitor-padrão e que mudanças ele pode provocar em seu ambiente?

A leitura de “A metamorfose” conduz o sujeito ao contato com o feio, com o sofrimento, com o repugnante, e, ainda assim, o faz sentir uma grande empatia por tudo isso. Segundo as teorias sobre catarse, esses sentimentos despertariam no público uma sensação de alegria – ou de alívio – por não estarem eles na situação do protagonista, sabendo-se, assim, protegidos. Ao mesmo tempo, resta um sabor amargo na boca provocado pela injustiça do destino de Gregor e pela insensibilidade de sua família.

Quando Gregor morre, parece que todos se libertam e que esta era, mediante os acontecimentos, a melhor saída possível. A irmã talvez estivesse certa sobre a necessidade de seu desaparecimento e ele, sem dúvida, compartilhava dessa opinião. Quanto ao significado do seu sofrimento, não é possível falar em redenção, porque não há culpa nele, mas sim nos outros.

A morte de Gregor traz um misto de alívio e tristeza ao leitor. Essa ambigüidade é quebrada, no entanto, pela indignação causada pela demonstração de felicidade por parte da família – decorrente da liberação de um pesado fardo. Seria possível criticar severamente seus parentes ou estaríamos esquecendo de que as pessoas fazem isso com mais freqüência do que gostamos de lembrar. Quem pode garantir que não há alívio quando alguém há muito doente e dependente se vai? O que dizer, então, das pessoas abandonadas simplesmente por deixarem de serem úteis, assim como Gregor?

Talvez a ação transformadora ocasionada pela identificação com Gregor seja a tomada de consciência dos fatores que oprimem o homem na sociedade moderna e as convenções que o aprisionam. Possivelmente o que Gregor nos ensina é a valorizar os laços afetivos, fugindo da lógica do utilitarismo vigente no mundo capitalista e corporativo. O destino de Gregor nos conduziria a um universo de relações mais humanas, um lugar no qual talvez não fôssemos esmagados como insetos.


REFERÊNCIAS

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ARISTÓTELES. Poética. In: A poética clássica. Tradução Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1997.

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DUARTE, R. [et al.] (org.). Kátharsis: reflexos de um conceito estético. Belo Horizonte: C/Arte, 2002.

JAUSS, H. R. O prazer estético e as experiências fundamentais da poiesis, aisthesis e katharsis. In: LIMA, L (org.). A literatura e o leitor - textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

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NATHALIA, S. C. Considerações a respeito do “prazer estético” para Hans R. Jauss. Disponível em: http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/imago/site/recepcao/textos/natalia.htm. Acesso em: 30 out. 2008.

ZILBERMAN, R. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 2004.

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