sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

The Raven

Estão localizadas abaixo duas traduções para a estrofe final do Corvo, de Poe. A primeira realizada por ninguém menos que Fernando Pessoa e a segunda por Haroldo de Campos que, após a leitura do texto "Lingüística e Poética", de Roman Jakobson, buscou reproduzir a textura poética original (paronomástica). Vejam se ele realmente conseguiu.

    And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
    On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
    And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
    And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor;
    And my soul from out that shadow that lies floating on the floor

    Shall be lifted - nevermore!



E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais.
E a minh'alma dessa sombra que no chão há mais e mais

Libertar-se-á... nunca mais.

Tradução de Fernando Pessoa


E o corvo, sem revôo, pára e pousa, pára e pousa
No pálido busto de Palas, justo sobre meus umbrais:
E seus olhos têm o fogo de um demônio que repousa
E o lampião no soalho faz, torvo, a sombra onde ele jaz:
E minha alma dos refolhos dessa sombra onde ele jaz
Ergue o vôo - nunca mais.

Tradução de Haroldo de Campos


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